terça-feira, 21 de abril de 2009

DEPOIS DAQUELA PROVA DE FOGO

Estava tudo perfeito, de um encontro totalmente inesperado havia surgido um encantamento de ambas as partes, uma admiração incrível, eles se davam super bem. Ele não era muito bonito, mas era carinhoso, inteligente e engraçado. Ela não era muito afetiva, mas era simpática, compreensiva e sedutora. Ele gostava do modo como ela cuidava dele, gostava das atitudes dela, apreciava sua independência, sua coragem e carisma. Ela gostava do modo que ele a fazia rir, da maneira que explicava as coisas pra ela, apreciava sua inocência, sua força e gentileza. Parecia que nascia ali, daquela convivência algo inesquecível.
Passaram-se meses até que algo os separasse. Aquelas viagens inesperadas ou não, na mesma data, seriam uma prova de fogo entre os dois. Eles chegaram acompanhados ao aeroporto, não se desgrudaram um minuto durante o trajeto, para eles não havia ninguém ao redor. Ao se despedirem, ele pediu para que ela se cuidasse, ela pediu que ele se divertisse. Mas, na verdade, os pedidos estavam trocados. Ela sabia que estava entregando ele de bandeja, e ele apenas iria testar o comportamento dela longe de seus olhos. Deram um beijo demorado e então ela o deixou no portão número 34 e ia seguindo até o número 31 quando ouviu alguém gritando seu nome, ao olhar ele se declarou dizendo que a adorava. Ela concordou com um sinal, que o fez duvidar, como de costume, do que ela sentia.
Ela voltou um dia antes, estava ansiosa. Já passava da meia noite. Aquele dia havia se arrastado, quanto mais ela queria ir embora, mais coisa aparecia pela frente. E ela sabia que ao chegar em casa, muita coisa ainda ia acontecer. Ela abriu a porta e adentrou a residência reclamando de cansaço, foi até o banheiro para evitar o contato visual imediato. Sabia que ele estava ali. Sabia que depois daquelas viagens nada seria igual como antes. Sabia, sabia, sabia de tantas coisas, nas quais preferia não acreditar.
De fato ele estava ali, esperando por ela, veio puxando conversa com a maior cara de pau, como se nada tivesse acontecido, mesmo ambos sabendo que isso era mentira. Ele a abraçou, agradeceu pela ajuda, perguntou o porquê da demora e pela viagem dela.Ela o deu os parabéns, respondeu suas perguntas de forma sucinta, disse que estava cansada e iria tomar banho.
Minutos depois ele ainda estava ali, esperando por ela no sofá da sala. Conversaram amigavelmente enquanto ela comia. Foram assistir tevê, como era de costume, e já que os programas não eram muito interessantes voltaram a bater papo devagarzinho. Ela começou a falar desesperadamente sobre a viagem que tinha feito numa estratégia para que ele não tocasse no derradeiro assunto, ele quis mostrar as fotos, mas ela pediu para não ver. E aí não teve jeito foram direto ao assunto que tanto adiaram: a tal viagem dele, o tal reencontro. Passaram horas discutindo, ela desabafou tudo que sentia, revelou tudo que antes nunca havia dito, ele se surpreendeu com a sinceridade dela, se surpreendeu em descobrir que ela não era tão fria e insensível quanto parecia, e que ela tinha direito sim de ficar mal, admitiu que era um banana, que não sabia dizer não, e pediu desculpas por fazer ela sofrer. Mas pra ela, isso não era o bastante, estava psicologicamente e sentimentalmente abalada, conviver com ele foi uma das poucas coisas que um dia ela pensou que iria realmente dar certo. Eles foram dormir depois de muito discutir com os olhos cheios de lágrimas e os pensamentos confusos. Mas de tudo que ela achou que sabia desde os sentimentos que ela escondia até o tchau e a frase apaixonante no meio do aeroporto, caiu por terra ao realizar que aquele caso não seria tão simples e perfeito como aparentava. Naquele momento ela tinha aprendido que entre eles haveria sempre algum empecilho. E ele, pela primeira vez, acreditou que os sentimentos que tinha por ela eram recíprocos, que ela também gostava dele. E até hoje é assim: ela continua achando que sabe tudo, continua existindo não apenas um, mas vários empecilhos entre os dois e ele continua fazendo besteiras de vez em quando. Mas uma coisa não mudou: ambos sabem que aqueles momentos juntos serão inesquecíveis.

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