terça-feira, 23 de junho de 2009

DEPOIS DAQUELA VIAGEM

Todos sabem que viajar é preciso, faz bem pra mente, pra alma e nos enche de boas recordações. Mas na minha vida repleta de viagens aqui e ali, houve uma que marcou mais que todas, uma que jamais esquecerei. Foram três meses de muitas conquistas, de muitas alegrias, de muitas loucuras. Três meses nos quais foi bom sentir o ventinho da liberdade batendo no rosto, soprando boas energias que me rodeavam a todo momento. Um trimestre onde o aprendizado era constante. Até nas horas difíceis onde a saudade de casa apertava e conviver com as pessoas diferentes ao lado já se tornava algo cansativo, ainda assim eu aprendi. Aprendi que nada melhor que colo de mãe, comida de avó e o apoio do avô, aprendi que se relacionar com pessoas diferentes é necessário, mas também desgastante e que é fundamental respeitar a história dos outros. Aprendi a enfrentar meus medos e a me virar sozinha, certas vezes, completamente sozinha. Sentir-se independente, responsável por ter a roupa e a casa limpa, responsável por não passar fome, por usar meu dinheiro da maneira que me fosse mais adequada, responsável pela minha vida, e por fazer daqueles dias os mais rentáveis possíveis em vários sentidos. Nesse tipo de viagem não se conhece apenas um país novo, belas paisagens, um novo idioma, se conhece a essência de pessoas de diversas partes do mundo e se percebe que dentro de um mesmo país há muita diferença. Conhecemos um novo tipo de vida, que no começo parece fácil, mas que se não mantermos a cabeça no lugar, perdemos o controle. Contudo, apesar de tantas obrigações e deveres, tantos horários desregulados, tanta responsabilidade repentina, não houve um momento em que me arrependi. Como eu sei que não me arrependi é simples: a saudade é o melhor demonstrativo de que algo valeu a pena. Saudade das pessoas, que com certeza, não poderiam ter sido melhores, as mais alegres, mais companheiras, as que festejam mais e por isso eram mais amigos, inseparáveis, a melhor surpresa que eu poderia encontrar. Saudade das compras, das viagens, das festas, das loucuras. Como era bom pegar o carro e viajar para lugares antes inimagináveis, era bom discutir a respeito de onde visitaríamos primeiro, era bom perder o avião, era bom saber que cada um tinha um gosto diferente e por isso precisávamos fazer escolhas. Era muito prazeroso chegar no fim do dia de trabalho e saber que na casa ao lado ainda tinha uma big party a nossa espera. Era bom dormir de manhã cedo e acordar no meio da tarde, ver o dia clarear da janela da sala, saber que a praia estava logo ali e eu não precisaria viajar horas para chegar até ela, era simplesmente pegar a bicicleta e seguir reto, perceber a magia da vida a cada por do sol aclamado por salvas de palmas. Foi bom viver de maneira inusitada, comer mal, experimentar comidas e bebidas horríveis, quase ser atropelada, cair de bicicleta, pular a cerca da piscina, burlar regras, realizar várias tramóias, levar broncas, fazer barulho, muito barulho!
Hoje, nada mais é igual depois daquela viagem. Carrego em mim as lembranças de dias felizes que não voltam mais, no meu peito há um buraco enorme, uma saudade imensurável. Não quero voltar, seria impossível que as coisas se repetissem da mesma maneira, e que bom que é assim! Esses sentimentos de falta e satisfação misturados demonstram que os momentos foram únicos. E que momentos!...

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